sábado, 8 de dezembro de 2012

Uma dica de leitura

O MELHOR DE STANISLAW PONTE PRETA
Crônicas Escolhidas
Seleção e organização de Valdemar Cavalcanti
Ilustrações de Jaguar - 7ª Edição
José Olímpio Editora - Rio de Janeiro - Brasil - 1976


Uma amostra do livro:

A VELHA CONTRABANDISTA
Diz que era uma velhinha que sabia andar de lambreta. Todo dia ela passava pela fronteira montada na lambreta, com um bruto saco atrás da lambreta. O pessoal da Alfândega - tudo malandro velho - começou a desconfiar da velhinha.
Um dia, quando ela vinha na lambreta com o saco atrás, o fiscal da Alfândega mandou ela parar. A velhinha parou e então o fiscal perguntou assim para ela:
- Escuta aqui, vovozinha, a senhora passa aqui todo dia, com esse saco aí atrás. Que diabo a senhora leva nesse saco?
A velhinha sorriu com os poucos dentes que lhe restavam e mais os outros que ela adquirira no odontólogo, e respondeu:
- É areia!
Aí quem riu foi o fiscal. Achou que era areia nenhuma e mandou a velhinha saltar da lambreta para examinar o saco. A velhinha saltou, o fiscal esvaziou o saco e dentro só tinha areia. Muito encabulado, ordenou à velhinha que fosse em frente. Ela montou na lambreta e foi embora com o saco de areia atrás.
Mas o fiscal ficou desconfiado ainda. Talvez a velhinha passasse um dia com a areia e outro com moamba, dentro daquele maldito saco. No dia seguinte, quando ela passou na lambreta com o saco atrás, o fiscal mandou parar mais uma vez. Perguntou o que é que ela levava no saco e ela respondeu que era areia, uai! O fiscal examinou e era mesmo. Durante um mês seguido o fiscal interceptou a velhinha e, todas as vezes, o que ela levava no saco era areia.
Diz que foi aí que o fiscal se chateou:
- Olha vovozinha, eu sou fiscal de Alfândega com 40 anos de serviço. Manjo essa coisa de contrabando pra burro. Ninguém me tira da cabeça que a senhora é contrabandista.
- Mas no caso só tem areia! - insistiu a velhinha. E já ia tocar a lambreta quando o fiscal propôs:
- Eu prometo à senhora que deixo a senhora passar. Não dou parte, não apreendo, não conto nada a ninguém, mas a senhora vai me dizer: qual é o contrabando que a senhora está passando por aqui todos os dias?
- O senhor promete que não "espáia"? - quis saber a velhinha.
- Juro - respondeu o fiscal.
- É lambreta.
página 54



Para saber mais sobre Stanislaw Ponte Preta (Sérgio Porto):
http://www.releituras.com/spontepreta_bio.asp
http://www.luso-poemas.net/modules/news03/article.php?storyid=859


domingo, 19 de agosto de 2012

Olavo Bilac e as estrelas



Via-Láctea
XIII
"Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso!" E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto...
E conversamos toda a noite, enquanto
A via-láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.
Direis agora: "Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?"
E eu vos direi: "Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas."





sábado, 18 de agosto de 2012

Dois gênios da Literatura Portuguesa


Florbela Espanca
LIVRO DE MÁGOAS


EU
Eu sou a que no mundo anda perdida,
Eu sou a que na vida não tem norte,
Sou a irmã do Sonho, e desta sorte
Sou a crucificada ... a dolorida ...
Sombra de névoa ténue e esvaecida,
E que o destino amargo, triste e forte,
Impele brutalmente para a morte!
Alma de luto sempre incompreendida! ...
Sou aquela que passa e ninguém vê ...
Sou a que chamam triste sem o ser ...
Sou a que chora sem saber porquê ...
Sou talvez a visão que Alguém sonhou,
Alguém que veio ao mundo pra me ver
E que nunca na vida me encontrou!




Alberto Caeiro (heterônimo de Fernando Pessoa)
O GUARDADOR DE REBANHOS


VI - Pensar em Deus
Pensar em Deus é desobedecer a Deus,
Porque Deus quis que o não conhecêssemos,
Por isso se nos não mostrou...
Sejamos simples e calmos,
Como os regatos e as árvores,
E Deus amar-nos-á fazendo de nós
Belos como as árvores e os regatos,
E dar-nos-á verdor na sua primavera,
E um rio aonde ir ter quando acabemos! ...

Florbela Espanca - Biografia
Biografia de Florbela Espanca
Biografia e Obra de Florbela Espanca
Biografia de Fernando Pessoa
Fernando Pessoa em seus heterônimos ( biografia e características)
FERNANDO PESSOA VISTO ATRAVÉS DA LITERATURA E DA FILATELIA




terça-feira, 24 de julho de 2012

Uma fábula de Esopo


O Avarento

Um avarento tinha enterrado seu pote de ouro num lugar secreto do seu jardim. E todos os dias, antes de ir dormir, ele ia até o ponto, desenterrava o pote e contava cada moeda de ouro para ver se estava tudo lá. Ele fez tantas viagens ao local que um Ladrão, que já o observava há bastante tempo, curioso para saber o que o Avarento estava escondendo, veio uma noite, e sorrateiramente desenterrou o tesouro levando-o consigo. 

Quando o Avarento descobriu sua grande perda, foi tomado de aflição e desespero. Ele gemia e chorava enquanto puxava seus cabelos. Alguém que passava pelo local, ao escutar seus lamentos, quis saber o que acontecera. "Meu ouro! Todo meu ouro!" chorava inconsolável o avarento, "alguém o roubou de mim!", disse o Muquirana Ancião.

"Seu ouro! Ele estava nesse buraco? Por que você o colocou aí? Por que não o deixou num lugar seguro, como dentro de casa, onde poderia mais facilmente pegá-lo quando precisasse comprar alguma coisa?", retrucou o forasteiro.
"Comprar!" exclamou furioso o Avarento. "Você não sabe o que diz! Ora, eu jamais usaria aquele ouro. Nunca pensei de gastar dele uma peça sequer!" 
Então, o estranho pegou uma grande pedra e jogou dentro do buraco vazio. 
"Se é esse o caso," ele disse, "enterre então essa pedra. Ela terá o mesmo valor que tinha para você o tesouro que perdeu!" 

Moral: Uma coisa ou posse só tem valor quando dela fazemos uso


sexta-feira, 20 de julho de 2012

139º Aniversário de Santos Dumont

139º aniversário de Alberto Santos Dumont
Nesta sexta-feira, 20 de julho de 2012, o doodle do Google faz homenagem ao "Pai da Aviação", Alberto Santos Dumont. Ele nasceu no dia 20 de julho de 1873 no sítio Cabangu. No local que viria a ser o município de Palmira, atualmente, em sua honra, o município de Santos Dumont, no estado de Minas Gerais, no Brasil. Filho de Henrique Dumont, de ascendência francesa e engenheiro de obras públicas, e de Francisca Santos-Dumont, filha de uma tradicional família portuguesa.




Site interessante sobre Santos Dumont:





quarta-feira, 18 de julho de 2012

sábado, 14 de julho de 2012

105º Aniversário de Gustav Klimt

150º Aniversário de Gustav Klimt
O Doodle do Google comemora hoje o 105º aniversário do pintor austríaco Gustav Klimt. Nascido no dia 14 de julho de 1862 em Viena, Áustria. Associado ao simbolismo, destacou-se dentro do movimento Art nouveau austríaco e foi um dos fundadores do movimento da Secessão de Viena, que recusava a tradição acadêmica nas artes.  Os seus maiores trabalhos incluem pinturas, murais, esboços e outros objetos de arte, muitos dos quais estão em exposição na Galeria da Secessão de Viena.


sexta-feira, 22 de junho de 2012

Alan Turing - Centenário - Doodle





Alan Turing foi um incrível matemático, lógico e criptoanalista, cujos estudos e projetos se tornaram base para a tecnologia atual. É neste momento que muitos podem estar pensando: “Mas afinal de contas, o que esse cientista inventou de tão importante?”. A resposta deve estar, literalmente, na sua frente: ele é o motivo de você estar usando um computador neste momento.
...
Alan Turing foi um dos homens de maior importância não só para seu tempo, como para a atualidade. Com estudos que não só foram base para a existência da inteligência artificial, mas de quase todos os aparelhos eletrônicos já feitos, e inventos que permitiram que a vida de incontáveis pessoas fossem salvas durante a Segunda Guerra, ele definitivamente merece seu título de “pai do computador".



O que é a Física?



Física (do grego antigo φύσις physis "natureza") é a ciência que estuda a natureza e seus fenômenos em seus aspectos mais gerais. Analisa suas relações e propriedades, além de descrever e explicar a maior parte de suas consequências. Busca a compreensão científica dos comportamentos naturais e gerais do mundo em nosso torno, desde as partículas elementares até o universo como um todo. Com o amparo do método científico e da lógica, e tendo a matemática como linguagem natural, esta ciência descreve a natureza através de modelos científicos. É considerada a ciência fundamental, sinônimo de ciência natural as ciências naturais, como a química e a biologia, têm raízes na física. Sua presença no cotidiano é muito ampla, sendo praticamente impossível uma completíssima descrição dos fenômenos físicos em nossa volta. A aplicação da física para o benefício humano contribuiu de uma forma inestimável para o desenvolvimento de toda a tecnologia moderna, desde o automóvel até os computadores quânticos

Física, ciência que se ocupa dos componentes fundamentais do Universo, das forças que interagem entre si e dos efeitos das ditas forças. As vezes a física moderna incorpora elementos dos três aspectos mencionados, como ocorre com as leis de simetria e conservação de energia, de momento, da carga e da paridade. 

A física está estreitamente relacionada com as demais ciências naturais, e de certo modo engloba a todas. A química, por exemplo, se ocupa da interação dos átomos para formar moléculas; grande parte da geologia moderna é em essência um estudo da física da Terra que se conhece como geofísica; a astronomia trata da física das estrelas e do espaço exterior. 

Física é uma palavra que vem do termo grego physis, usado pelos primeiros filósofos gregos a partir do século VI a.C. e cuja tradução nos idiomas modernos é natureza.


A Física é a ciência das propriedades da matéria e das forças naturais. Ela estuda a matéria nos níveis molecular, atômico, nuclear e subnuclear. Estuda os níveis de organização, ou seja, os estados sólido, líquido, gasoso e plasmático da matéria.
Pesquisa também as quatro forças fundamentais: a gravidade (força de atração exercida por todas as moléculas do Universo), a eletromagnética (que liga os elétrons aos núcleos), a interação forte (que mantém a coesão do núcleo) e a interação fraca (responsável pela desintegração de certas partículas).





domingo, 10 de junho de 2012

Os dias da semana em 5 idiomas



Português
Espanhol
Italiano
Francês
Alemão
Domingo
Domingo
Domenica
Dimanche
Sonntag
Segunda-feira
Lunes
Lunedì
Lundi
Montag
Terça-feira
Martes
Martedì
Mardi
Dienstag
Quarta-feira
Miércoles
Mercoledì
Mercredi
Mittwoch
Quinta-feira
Jueves
Giovedì
Jeudi
Donnerstag
Sexta-feira
Viernes
Venerdì
Vendredi
Freitag
Sábado
Sábado
Sabato
Samedi
Samstag



quarta-feira, 23 de maio de 2012

78° Aniversário de Robert Moog

O Google está comemorando nesta quarta-feira o 78° aniversário do engenheiro, músico e inventor norte-americano Robert Moog. Ele é o inventor do sintetizador, instrumento musical que produz sons que emulam orquestras, sons espaciais, etc. O doodle é interativo. O usuário pode produzir sons e gravar os mesmos; e depois de gravar esses sons pode compartilhá-los no Google+.

Para saber mais sobre Robert Moog e os sintetizadores, que são a marca característica do Rock Progressivo (Genesis, Yes, King Crimson, Emerson Lake and Palmer, The Nice, Soft Machine, Pink Floyd, Caravan, Camel, etc.), veja os sites abaixo:




terça-feira, 15 de maio de 2012

O AMOR DE DOM PERLIMPLIM POR BELISA EM SEU JARDIM


    
A CAIXA Cultural Rio de Janeiro apresenta, de 17 a 20 de maio, o espetáculo "O Amor de Dom Perlimplim com Belisa em seu Jardim", do escritor espanhol Federico García Lorca. Com direção de Daniel Archangelo, que também assina a tradução do texto de Lorca, a peça é uma montagem da companhia carioca “Ser ou não Cena”.
 Na trama, o velho Dom Perlimplim encontra, na jovem e ardente Belisa, um poder que jamais esperava possuir. Aprisionado pela incapacidade de imaginar e pleno de amor, ele cria um perigoso jogo de conquista, que culmina em um dos mais surpreendentes finais da dramaturgia mundial. Uma história de amor impossível, que oscila entre fantasia, paixão e morte.
 “Amor, fantasia e mistério são os principais ingredientes deste espetáculo, onde nos aprofundamos em diversas linguagens do nosso repertório: gestos, palavras, cores, músicas, sombras e animações” explica o diretor. “A reconhecida e premiada direção de arte, somada à força da palavra dita, nos permitirão a criação de um ambiente, cuja poesia convida o público a ser testemunha de uma das mais belas histórias da literatura dramática espanhola”, afirma Archangelo.
 Criado para rodar festivais de teatro, nacionais e internacionais, cada recurso da montagem reivindica um sentido próprio e ocupa um lugar precioso na composição da cena. Depois de uma longa incursão pelo teatro infantil, que rendeu 19 prêmios teatrais, em diversas categorias – como o prêmio Zilka Salaberry - a trupe investe no teatro adulto com esta apaixonante obra do poeta e dramaturgo espanhol.

Oficina de Teatro
Em comemoração aos 13 anos da Companhia, a trupe também vai realizar três oficinas gratuitas de direção e interpretação, destinadas a atores e interessados em geral, nos dias 22, 23 e 24 de maio, na CAIXA Cultural. Informações para inscrições pelo e-mailagendamento.rio@gentearteira.com.
Durante a temporada, serão sorteados 300 ingressos a apenas R$ 2,00 por intermédio do site da companhia. No domingo, dia 20, os ingressos terão preço reduzido de R$ 1,00. O espectador poderá garantir seu bilhete comprando com antecedência na bilheteria do teatro.

Sobre Federico García Lorca
Temido pelas forças opressoras da Guerra Civil Espanhola, Federico García Lorca morreu aos 38 anos, fuzilado pelas tropas de Franco, privando a humanidade de sua genialidade, mas a brevidade de sua existência contrasta com a qualidade e quantidade da obra com que nos presenteou.
Pintor, compositor e escritor; criou obras embebidas nas tradições e folclores de sua terra natal. Retratou, nas cenas teatrais, a árida esperança de personagens cujo desejo de viver vai além de limites a eles determinados.

Equipe técnica:
Direção e Tradução: Daniel Archangelo
Elenco: Claudio Sásil (Dom Perlimplim); Suellen Costa (Belisa); Bia Feliciano (Marcolfa); Cláudia Videira (Mãe de Belisa); Vinícius Sampaio (Duende); Daniele de Deus (Duende).
Direção de Arte: Claudio Sásil
Direção Musical e Trilha Sonora Original: Lula Costa Lima
Músicos: Elenco e Direção musical
Assistente de Direção: Lorena Moraes
Figurinos: Claudio Sásil e Zelda Sá
Adornos de Figurino: Macaca Sofia
Cenografia: Samanta Toledo
Assistentes de Cenografia: Mayra Land, Rafael Cardoso
Cenotécnico: Cristiano Peixoto
Caracterização: Rodrigo Reinoso
Iluminação: Nilton César
Platô: Deuza Souza
Segunda Assistência: Viviane Miranda
Coordenação de Produção: Suellen Costa
Assistente de Produção: Leonardo Tonom
Patrocínio: Caixa Econômica Federal e Governo Federal

Serviço:
O Amor de Dom Perlimplim com Belisa em seu Jardim
Duração: 1 hora e 10 minutos
Local: CAIXA Cultural Rio de Janeiro – Teatro de Arena
Endereço: Av. Almirante Barroso, 25, Centro (Metrô: Estação Carioca)
Telefone: (21) 2544-4080
Datas: de 17 a 20 de maio (quinta-feira a domingo)
Horário: 19h
Ingresso: R$ 10 nos dias 17, 18 e 19 de maio (Além dos casos previstos em lei, clientes CAIXA pagam meia); No domingo, dia 20: R$1,00
Bilheteria: de 3ª feira a 6ª feira, das 13h às 20h; sábado, domingo e feriado, das 15h às 20h
Lotação máxima: 388 lugares (2 para cadeirantes)
Classificação etária: 16 anos
Informações, agendamento de grupo e transporte (ônibus) para escolas públicas: agendamento.rio@gentearteira.com
Acesso para pessoas com deficiência
Programação completa da CAIXA Cultural: www.caixa.gov.br/caixacultural

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sexta-feira, 27 de abril de 2012

Homem: o ser que pergunta

Normalmente perguntamos sem refletir sobre o próprio perguntar, sem indagar pelo significado dessa operação da inteligência que se acha na raiz de todo conhecimento e de toda ciência. E ao perguntar pelo perguntar, convertemos essa operação, que nos parece tão banal, quotidiana, em tema filosófico, a partir do momento em que passamos a considerá-la do ponto de vista da crítica radical.
Se compararmos, nesse aspecto, o comportamento humano com o do animal, verificaremos que o animal não pergunta, não indaga, limitando-se a responder. Mas, por que o animal não pergunta? Porque, para viver e reproduzir-se, dispõe do instinto que o torna capaz de fazer, embora inconsciente e sonambulicamente, tudo que é necessário para sobreviver e assegurar a sobrevivência de sua espécie. O animal não pergunta, limita-se a responder aos estímulos e provocações do contexto em que se encontra, a responder imediatamente, fugindo do perigo, quando é ameaçado, e atacando a presa quando está com fome.
Entre o animal e o contexto em que vive não há ruptura, não há solução de continuidade. Porque o animal é natureza dentro da natureza, instinto, espontaneidade vital, inconsciência (...).
Quando o comportamento do animal não é ditado pelo instinto, pela necessidade de alimentar-se, ou de reproduzir-se, e de mover-se pelo espaço, é ditado pelos estímulos exteriores que provocam reflexos ou respostas previamente determinados. O animal não precisa saber o que são as coisas, não precisa perguntar, porque sabe, por instinto, tudo o que precisa saber para sobreviver e assegurar a sobrevivência da espécie, do grupo ou da família a que pertence.
Essa ciência está implícita em sua natureza, pois o peixe nasce sabendo nadar, o pássaro sabendo voar, e os gatos e cachorros sabendo andar e correr. A integração no contexto natural é completa, mesmo por parte dos animais que constroem colmeias como as abelhas, edifícios para morar como as formigas, ou teias como as aranhas. Essas construções são obra do instinto, atividade que realiza fins determinados sem ter consciência de que os realiza, sem ter a possibilidade, ou a liberdade de não realizá-los. Pois ser abelha e construir colmeias é a mesma coisa, e a mesma coisa, também, é ser formiga e erguer formigueiros, e ser aranha e fabricar as teias. Toda a conduta, toda a atividade do animal está predeterminada, preestabelecida, em sua natureza, inclusive a possibilidade, que se verifica em relação a certos animais superiores, de serem adestrados para trabalhar nos circos.


Em contraste, o homem pergunta. E por que pergunta? Porque precisa perguntar. Mas, por que precisa perguntar? Precisa perguntar porque não sabe e precisa saber, saber o que é o mundo em que se encontra e no qual deve viver. Para poder viver, e viver é conviver, com as coisas e com os outros homens, precisa saber como as coisas e os outros homens se comportam, pois sem esse conhecimento não poderia orientar sua conduta em relação às coisas e aos homens. Para o ser humano o conhecimento não é facultativo, mas indispensável, uma vez que a sua sobrevivência dele depende. Mas para que esse conhecimento lhe seja realmente útil e lhe permita transformar a natureza, pela educação e pela cultura, para que esse conhecimento possa tornar-se o fundamento de uma técnica realmente eficaz, é indispensável que não seja meramente empírico, mas científico, ou epistemológico, como diziam os gregos.
Ora, o que está na origem do conhecimento, tanto filosófico quanto científico? Na origem desse conhecimento está a capacidade, ou melhor, a necessidade de perguntar, de indagar, o que são as coisas e o que é o homem. E qual é o pressuposto, ou a condição, de possibilidade da pergunta? Se pergunto é porque não sei, ou me comporto como se não soubesse. A pergunta supõe, consequentemente, a ignorância em relação ao que se pretende ou precisa saber, pressupondo também, e ao mesmo tempo, a consciência da ignorância e o conhecimento, por assim dizer, em oco, daquilo que se desconhece e precisa conhecer. A mola do processo é a contradição. Não sei e sei que não sei, e essa consciência da ignorância, a ciência da insciência, é o que me permite perguntar, quer a pergunta se dirija à natureza, quer se enderece aos outros homens.
Na origem, na raiz do perguntar, encontramos, portanto, a ruptura, a cisão, a contradição. Não sei, preciso saber e porque sei que não sei, pergunto, na expectativa de que a resposta possa trazer-me o que não tenho e preciso ter.


Introdução à Filosofia
Rolando Corbusier
Civilização Brasileira, 1986



sábado, 21 de abril de 2012

Libertas Quæ Sera Tamen


Hoje, 21 de abril de 2012  é o 223º (ducentésimo, vigésimo terceiro) aniversário da Inconfidência Mineira (ou Conjuração Mineira) e o 52º (quinquagésimo segundo) aniversário da cidade de Brasília, capital do Brasil. 


A Inconfidência Mineira, ou Conjuração Mineira, foi uma tentativa de revolta de natureza separatista abortada pela Coroa em 1789, na então Capitania de Minas Geraes, no Brasil, contra, entre outros motivos, a execução da derrama e o domínio português. A exploração abusiva dos portugueses e sua tirania provocaram a revolta. Os insurgentes eram fortemente influenciados pelos ideais dos iluministas europeus e pela recente independência dos Estados Unidos, em 1776. 

Os inconfidentes eram republicanos, abolicionistas (nem todos), e desenvolvimentistas (queriam a industrialização do país). Entre os participantes do movimento se destacam José de Resende Costa (capitão), José de Resende Costa Filho, Cláudio Manuel da Costa e Tomás Antônio Gonzaga (poetas), Domingos de Abreu Vieira e Antônio Francisco de Oliveira Lopes (coronéis), José da Silva e Oliveira Rolim, Manuel Rodrigues da Costa e Carlos Correia de Toledo e Melo (padres), Luiz Vieira da Silva (cônego), Vaz de Toledo Pisa (sargento-mor), Inácio José de Alvarenga Peixoto (minerador) e o alferes Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes. Este foi preso, enforcado e depois de morto teve seu corpo esquartejado. Sua cabeça ficou exposta em um poste alto na cidade de Ouro Preto no local onde hoje se encontra um monumento em sua homenagem, na Praça Tiradentes. 


Dizem que uma das propostas dos inconfidentes era a construção de uma nova capital para o Brasil, em um ponto central do país. Esta ideia foi executada por um mineiro, que se tornou presidente do Brasil. Juscelino Kubitschek de Oliveira (JK). Brasília está completando 52 anos. 




O Brasil se tornou independente de Portugal em 1822 e desde essa época tem sofrido transformações radicais. De país agrícola, analfabeto e de regimes elitistas, corruptos e autoritários está se tornando uma potência econômica. Uma pena que todo esse desenvolvimento econômico esteja atrelado a ideias ultrapassadas como desigualdade social, violência, corrupção, poluição, etc. Hoje, aniversário da Inconfidência Mineira, em muitos lugares do Brasil está acontecendo a Marcha contra a Corrupção. Finalizando, gostaria de lembrar que só existem corruptos porque existem corruptores. Nós, brasileiros temos os sistemas político, jurídico, educacional, social, etc. que plantamos e colhemos a cada instante... Libertas quae sera tamen!



Modelo ITIL

O que é o modelo ITIL?   ITIL (Information Technology Infrastructure Library ou Biblioteca de Infraestrutura de Tecnologia da Informação) é ...